UM SORRISO PARA SEMPRE
Com o veículo em pane à beira da estrada, resta-me aguardar o socorro, debaixo de uma chuva fina e um vento gelado. O tempo parece medido por um relógio de batidas longamente lentas, a atenção posta na rodovia de alta velocidade esperando por uma ajuda que tarda. No itinerário dos automóveis em alta velocidade, destaca-se ao longo um corpo que caminha. Aos poucos os seus contornos indicam que é um homem, que a proximidade revela quem é. É um andarilho, que é como chamamos aqueles homens (mulheres são tão raras que não me lembro de as ter visto), para nós, sem nome, que, cargas às costas, passam por nossos olhos quando os carros deslizam sobre o asfalto. Neste momento, tenho todo o tempo do mundo, no ponteiro da espera. Então, meus olhos grudam no homem. Ele se aproxima. É um jovem. Posso ver sua roupa, suja e manchada. Ele anda firme, como se tivesse um alvo a alcançar. Noto sua sandália, rota e vazada. Sem perder o traçado do acostamento, separado de mim por um guard-rail de aço, ele olha para mim, eu olho para ele e, sem parar, sorri vários passos para mim. Enquanto segue, ele olha para mim e eu olho para ele, até se perder no horizonte. Algum tempo depois o apoio chega, mas ainda, muito tempo após, guardo comigo aquele sorriso. A memória revive o encontro. A imaginação acompanha o homem. Aquele rapaz sorriu para mim porque eu olhei para ele. Ele viu que eu o vi. Ele sabia que não estava invisível. Se prestamos atenção, um andarilho não é um andarilho. É um homem, com um rosto, uma história, um nome, como eu e como você. Desejo-lhe um BOM DIA. Pr Israel
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