OS DEGRAUS DA DOR
A dor tem degraus. Aprendi isto com uma senhora que tem dois filhos (seus dois únicos filhos) especiais. Uma família habitada por uma criança especial sofrerá ao rejeitar a sua chegada, porque a esperada era outra. Depois, virá, para os maduros, a aceitação, mas isto não quer dizer que não haverá dor. Mesmo na etapa da paz, que é a experiência mais elevada, ela virá junto com a dor. A dor, com seus de graus, é companhia constante. Uma família ferida com a morte de um dos seus vivencia os mesmos estágios da dor: recusa, aceitação e paz. Nestes casos e em outros também, alguns não passam do primeiro degrau e ali sucumbem em meio a lágrimas, culpas e vergonhas. Outros ascendem ao segundo, aceitando a surpresa. (Aceitar não é gostar; é reconhecer a condição e decidir ser emocionalmente saudável, em meio ao que não se deseja). E há também os que, vencida a revolta, sentem paz, paz que não fecha os olhos para a sua realidade e também para a realidade dos outros. É por isto que a maioria dos que se envolvem nas causas dos fracos passou pela fraqueza no seu próprio corpo ou no corpo da sua família. Foi esta experiência que lhe doou outros olhos. Neste processo, danoso, denso, diverso, doloroso e duro, é uma grande diferença saber que somos amados por Deus e que não estamos sozinhos quando subimos os degraus, mesmo que sejam os degraus da dor. Pr Israel Belo de Azevedo

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